segunda-feira, 21 de março de 2011

VADE RETRO, OBAMA!


(Governo brasileiro se curva ao imperialismo)
(Nota Política do PCB)
A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.
Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes“o carinho do povo brasileiro com Obama” e a “amizade Brasil/Estados Unidos”. Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como “antiimperialista”.
No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.
O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.
O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.

domingo, 13 de março de 2011

Um poema um pouco antigo

Escrevi este poema em 2009, idinspirado na leitura de Morte e Vida Severina e, de modo específico, no diálogo entre Severino e Mestre Carpina.

Mais Um

Dia desses, andava na mira do ponto
Aquele onde pára a circular
Ninguém pela rua,
Nem bom dia pra falar.
Sozinho, ainda no escuro
Quase que ali mesmo caio
Ao tropeçar não sei em que
Em algo encostado no muro.
Ainda em pé, susto passado
O que no chão estava suspirou
E sem abrir os olhos
Duas palavras falou:

- Bom dia!

Mil desculpas caro amigo
Se por ventura o machuquei
Por que não procurastes um abrigo
Para dormires como rei?

- Imagina seu moço
Eu estou bem
Para ser um rei
Falta-me apenas um papelão que aqui não tem.
De onde vem seu moço
Assim tão arrumado
E aonde vais
Assim tão apressado?

Ah, venho de casa
Moro logo ao lado
Vou para a faculdade
Aonde tenho estudado.
Agora é minha vez de perguntar
Se não for lhe incomodar
Não tens um pequeno teto
Um lugar para morar?

- Tenho não. Vivo assim todos os dias
Já não é mais novidade
E por assim ser minha vida
De viver não tenho mais vontade.

Estendo minha mão
Para que possas levantar-te
Dei-me sua mão
Para que eu possa ajudar-te.

- Obrigado seu moço
Mas aqui vou ficar
De tanto passar fome
Não consigo de pé estar.
Faz dois dias que não como
Minha barriga já dói
E o meu “sem ter o que comer”
É o homem quem constrói.
Todos os dias homens e mulheres
Por essa rua passam
Alguns querem olhar
Outros olham e disfarçam.
Uma moeda às vezes cai
É um homem quem a joga
Vai alegre e sorridente
Está vestido na última moda.
Um outro ainda passa
Ele tem um carro do ano
No bolso tem uma chave
No chaveiro a imagem de um Santo.

Minha circular já está saindo e ela saindo eu saio também...

Meu caro amigo
Tenho de ir
O lusco-fusco passou
E é hora de partir.
Segure em meu ombro
Se sozinho não podes andar
Há pessoas pela rua
E comida iremos achar.
Sigamos em frente
Como se fôssemos soldados
Que na guerra perdida
Sentem-se desolados.
Entremos aqui
E alguma coisa comamos
Enquanto lá fora caminham
Trabalhadores humanos.
Chegou a comida
E comendo estamos
Sem muito esforço
Lá fora escutamos:

- Minha calçada está suja
O que aconteceu?
Se alguém aqui dormiu
Tomara que já morreu.
Se assim aconteceu
Amanhã acordarei
E para minha alegria
Sujeira alguma aqui verei

Essas palavras
Só eu as escutei
Sem ter o que fazer
Apenas minha cabeça abaixei.
Muita comida
O senhor comeu
E, de tanto comer
Sua barriga se encheu.
Levantou-se do banco percebendo
Que em pé já podia ficar
Ensaiou um sorriso
E viu que podia caminhar.

Seu moço embora me vou
Para aonde eu não sei
Obrigado pela ajuda
Muito feliz você me fez.
Dia desses
Nos veremos por aí
Ao encontrar-te novamente
Esteja certo de que irei sorrir.
Deixo-te, para terminar
Meu nome e sobrenome
Me chamo “apenas um”
Dos milhões que passam fome.