quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Crise do Capital: Quem somos nós nessa história?

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O link acima traz uma matéria, revelando que, segundo dados do Banco Mundial, 14 milhões de latino- americanos voltaram  a figurar entre os indivíduos que vivem na considerada "linha da pobreza". O fato que recolocou esse número de latino-americanos (novamente) na pobreza foi a crise estrutural do capital, que teve no ano de 2009 o seu apogeu, ou melhor, teve em 2009 a concretização de um problema que já se arrastava há algum tempo no mercado financeiro e que estourou para a sociedade no final de 2008 e perdurou ao longo de 2009.
Entre expectativas do "fim" do capitalismo por parte de setores da esquerda e a preocupação para manter o atual modo de produção por parte de setores da direita, ficou, ao fim e ao cabo, a miséria, a diminuição de salários e o aumento da degração das condições de trabalho dos operários.
14 milhões de pessoas que "voltaram" a ser pobres representa um importante quadro do que os movimentos sociais, sindicatos e governos ditos progressistas e até revolucionários poderiam ter feito diante dessa crise. O enfrentamento da, até agora, última grande crise do capital, restringiu-se a pequenas greves, algumas passeatas e várias reuniões políticas. Por mais que essas ações signifiquem um contraponto às medidas tomadas pelo mercado, não foram suficientes para, no mínimo, iniciar um diálogo com a classe trabalhadora.
Segundo analistas políticos e sociólogos de diversos países, a América Latina reúne hoje, talvez, os governos mais progressistas do mundo ou que se apresentam por desenvolver políticas revolucionárias em seus países. No entanto, a crise, ao jogar 14 milhões de latino-americanos "novamente" na pobreza, oferece a nós a oportunidade de (re)pensar as práticas revoluvionárias que temos tido. Onde estamos que não próximos a esses 14 milhões? 
Talvez tenhamos pensado uma revolução a paritr dos limites que a própria lógica sistêmica do capital nos possibilita. E aí, continuaremos a apenas discutir salários, lutar por casas populares para acabar com as favelas e montar cooperativas de catadores de papel, torcendo para que sempre haja papel nas ruas e assim os catadores sempre tenham com o que se sustentar e a cooperativa nunca acabe, para que sempre tenha alguém se vangloriando do projeto e se sensibilizando com a pobreza.

Alex Dancini