domingo, 18 de julho de 2010

Esquerda Light

Acompanhando o debate no Blog do Maybuk (http://blogdomaybuk.blogspot.com) sobre política econômica intervencionista, resolvi palpitar e tecer um breve comentário a respeito desse assunto.

Há um alvoroço na social-democracia toda vez que o Estado tem de intervir na política cambial ou econômica de um país. Recentemente, os EUA aprovaram uma lei que dá maior poder de intervenção do Estado na economia de mercado daquele país.
Pronto, bastou a aprovação de tal lei para que se levantasse aos gritos e sorrisos um monte de gente, economistas ou não, do grupo que chamo de esquerda light. Participam desse grupo aqueles que são contra a pobreza e (mas) acreditam que se erradica a mesma com medidas sociais, distribuição de renda, etc. “Devagar e sempre” é o lema desse grupo. Devagar com a dose, e sempre com a pobreza.
A abertura dada ao Estado Norte Americano para um maior controle da economia e do mercado estadunidense não representa absolutamente nada de novo, quero dizer, de bom para a classe trabalhadora, o proletariado (tem gente da esquerda light que não gosta muito desse termo, diz que é coisa do Manifesto do Partido Comunista e, portanto, deve permanecer lá dentro. Sigamos devagar e sempre). A abertura ao Estado é a única saída que restou para manter ou dar fôlego ao sistema.
Ora máximo, ora mínimo, o Estado está a serviço do modelo econômico que aí está. Ou seja, forte ou fraco o Estado responde às necessidades do Capital. A atualíssima crise que o Capital enfrenta já colocou milhões de trabalhadores na rua, cortou salários sem diminuir jornada de trabalho, e nenhum Estado, repito, nenhum Estado interviu nesse problema e exigiu uma medida contrária à medida tomada pelos grandes monopólios.
Ou seja, num momento espinhoso do sistema capitalista, miséria aumentando, demissões em massa, precarização ainda maior das condições de trabalho, numa palavra, desumanização, o Estado (os Estados) não se colocou ao lado dos trabalhadores. Preferiu se calar, ser conivente com as medidas de salvamento do mercado e dos monopólios. Dirão os da esquerda light: “com essa medida salvou-se muitos empregos”. Prefiro dizer que contribuíram com a manutenção da exploração.
Ora, onde está o Estado do povo? Ele não existe para o povo. Existe para o mercado. Responde pelas necessidades desse substantivo/sujeito que dá as carta no jogo do qual fazemos parte e não passamos de meros predicados. Seja mais forte, com programas sociais que tem a pretensa intenção de distribuição mais igual da riqueza, ou mais fraco, com a precarização das condições de vida da maioria das pessoas, o Estado é a negação do Poder Popular.