quinta-feira, 1 de julho de 2010

Serra e os latifundiários brasileiros

Evento da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)

É notícia no Estadão: José Serra (PSDB) aproveitou para fazer promessas de campanha e lançou críticas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"O MST é um movimento que se diz de reforma agrária quando, na verdade, usa a ideia da reforma agrária para uma mudança de natureza revolucionária socialista no Brasil. Não quero reprimir, não. Só sou contra que usem dinheiro do governo para isso, não dá", disse Serra, ao comentar uma das críticas feitas pela CNA sobre insegurança jurídica.
A confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, pode ser chamada, para se trocar em miúdos, de Confederação dos latifundiários do Brasil. Por latifundiários do Brasil, entende-se um pequeno grupo de famílias que possuem uma grande porção de terras (algumas delas possuem 5 mil, 10 mil hactares) do território brasileiro (agrícola), em sua grande maioria, griladas, em outros termos, roubadas. Durante muito tempo no Brasil, importunou-se tanto a vida de camponeses, em alguns casos, com ameaça de morte, em outros, com a morte em cena, que tais camponeses não tiveram outra opção a não ser entregar seu pequeno “pedaço” de terra para os grileiros, hoje, mas conhecidos como fazendeiros e suas respectivas famílias.

Muito resumidamente, esta é parte da história agrária do Brasil. Sem falar na captanias hereditárias e seus donatários.

José Serra começou sua campanha em meio aos seus. Acho que só existe um lugar onde José Serra é aplaudido em massa, no evento da CNA. E é aplaudido porque os latifundiários brasileiros não têm outra opção.

José Serra, por incrível que pareça, foi bem em sua fala, dentro daquilo que se espera dele (dias atrás, nem isso ele conseguia fazer), quando disse que o MST é um movimento revolucionário. Com todos os problemas existentes numa organização social, como assim o são os movimentos sociais, o MST luta por uma TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL, nesse caso, do modelo agrário brasileiro. Trata-se, portanto, de um movimento revolucionário. Na verdade, o que mais incomoda Serra e sua turma não é o possível dinheiro que o MST recebe do governo, mas sim o fato do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra querer revolucionar a vida dos camponeses e fazer justiça a todos os camponeses mortos nos processos de grilagem de terras e àqueles que tiveram de deixar o campo e se aventurar num beco qualquer das grandes cidades a procura de emprego (inclusive, muitos deles já morreram com a últimas enchentes em São Paulo, Rio de Janeiro e no Nordeste brasileiro).

Revolucionar é radicalizar na mudança. Por isso, estou junto com o MST por um Brasil soberano, por um mundo soberano, no limite, uma outra sociedade, a qual Serra optou por chamar de SOCIALISTA.

Alex Dancini