sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pena

A pena desceu à mão,
E sem valer a pena, a tinta escorreu
Como se quisesse escrever versos tortos.
Correu firme nas veias da mesa
Como se corresse pelos riscos da mão que se abre.
Abrir mão à pena, sem valer a pena, a tinta.
Sem resposta, sem medo. A mesa espera a tinta
Que quer valer a pena, escrever versos livres,
Sem pena.
(Alex Dancini)

Construção

De massa e concreto o homem sobe seus olhos chapiscados de cansaço.
Ao concreto e à massa, suor e dor revelam o acabamento do trabalhador revestido da pele retorcida pela força do tempo.
Tempo duro. Durável por toda a vida de quem só viu saída no obedecimento ao império de ferro erguido na exploração dos trabalhadores.
A massa de cimento amargo, fruto da vida do homem que tomba de dor...
Mas seu suor será água para a nova massa que em breve revestirá o mundo na pugna revolucionária.

(Alex Dancini)

Uma pergunta



Um homem perguntou se o tempo era mau.
Sua pergunta é pelas rugas, marcas do tempo em sua face.
O tempo respondeu que não.
Sem maldade, camarada.
Não há maldade. Só a perversidade, a morte.
Suas rugas são sociais. Não temporais.
Um trabalhador questionava.
(Alex Dancini)